segunda-feira, 30 de novembro de 2015

De Deus, do Homem

* Em decorrência dos conflitos no Oriente Médio e especialmente sobre o evento do dia 24 de Novembro de 2015.








Ah! Ha Ha! Alá!
Ah Lá! Ha Ha Ha!
Nas mãos sujas da
poeira do deserto ancestral
Ai-phone, Samsung, Life is Good
A fotografia
Oficial
da derrota


do Soldado
do Homem
de Deus

Ah! Ha Ha! Alá!

Ah Lá! Ha Ha Ha!
nem Ele, nem Jeová!
Sangra morto
o filho amado
jaz sem paz
o menino
armado


do Homem
do Soldado
de Deus

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Apostrophe to Man (Edna St. Vincent Millay, 1934)

Ah se todas as lágrimas fossem pelos amores que nunca serão...


(On reflecting that the world is ready to go to war again)

Detestable race, continue to expunge yourself, die out.
Breed faster, crowd, encroach, sing hymns, build
bombing airplanes;
Make speeches, unveil statues, issue bonds, parade;
Convert again into explosives the bewildered ammonia
and the distracted cellulose;
Convert again into putrescent matter drawing flies
The hopeful bodies of the young; exhort,
Pray, pull long faces, be earnest,
be all but overcome, be photographed;
Confer, perfect your formulae, commercialize
Bacateria harmful to human tissue,
Put death on the market;
Breed, crowd, encroach,
expand, expunge yourself, die out,
Homo called sapiens.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Erre


Ah! O Erre! Tu és proscrito!
Letra não rara, barata
eu diria. Tu ririas eu sei,
que é de risos e delírios
que é feito teu enredo.
Quem riu? Quem não riu? Eu ri?

Ah! O erro! Só rio do teu riso,
que irrita e faz sofrer.
Quantos erres ainda na vida
arrastando e arrasando
rolando ladeira abaixo
carregando re-petição?

E o pesar dos pesares
que diga dos rogos. Sim!
Que orem pras pragas (Amém)
nas ruas que gritam de raiva
Realengo, reis, rainhas,
A redenção não tem rima.



terça-feira, 1 de abril de 2014

O Devorador



Hoje é um daqueles dias que todas as palavras que não saíram em todos os outros dias anteriores se espremem revoltadas. Rebelião!! Querem se amotinar. Quebrar a madeira fina dos instrumentos musicais. Esticar as cordas até arrebentá-las sadicamente. Rasgar as letras e queimar as ideias. Cuspir nos planos e trucidar os sonhos. Ah!! Essas palavras criminosas... Têm a petulância de se dizerem inocentes. Tanto por isso, maior sua revolta. E assim, hoje, quiseram em vão A Liberdade, seus direitos de ir e vir. Mas Eu, Eu Continuo Bem Aqui! De mim, elas não escapam! Fecho minha boca. Fecho meus punhos. Fecho meus olhos....




terça-feira, 13 de agosto de 2013

Indo dormir

Tive uma ideia!” Pensou enquanto caminhava pisando nas horas da noite que o arrastava sorrateiramente pelos prédios. Pisava nos momentos quebrados de cada uma daquelas vidas que viviam ali, dentro de suas janelas apagadas, pois não se via uma janela acesa sequer. Mas o cigarro estava aceso, incenso de mau gosto. Enquanto pisava, estalava no chão e todos podiam ouvi-lo. Mas ninguém ousava enxergar. Apenas ele. Ele enxergava e ouvia tudo. “As vantagens de ser invisível”. Ele olhou para o céu estrelado daquela noite fria, e viu as estrelas estáticas dentro do céu. Das janelas, vinha o som das pessoas que eram livres dentro de suas janelas. Livres para amar, pois, “ela só me ama bem dentro de quatro paredes”, aliás, todos se amam bem dentro de quatro paredes, e só. O amor está enclausurado. Dentro dos quartos dos apartamentos da zona sete, dentro dos carros insulfilmados no estacionamento, dentro dos livros, dentro das camisinhas. Ah! O amor! Veio de um encontro um rapaz e pediu um cigarro: “Ô fera! Me dá um cigarro?”
— Só tenho este – disse tirando o cigarro da boca.
Mentira. Havia mais um dentro de seu bolso, esperando o momento da volta. Seguiu caminhando e a cada tragada, um gosto diferente em sua boca, ao ponto que não reconhecia mais o cigarro que fumava. Pensou nela. Percebeu que tinha a vida que queria, orgulhou-se e sentiu-se invejado. E quis dormir com este sentimento. Assim, parou e se virou para o caminho de volta, já fumando seu último e omitido cigarro.
No corredor do prédio, um rapaz de gorro passou por ele. Um rapaz que foi encontrado no bate-papo UOL – ou que achou que foi – e acabara de transar com um homem bem mais velho e que saiu de cabeça baixa, sem querer ser reconhecido. Ao ver aquele cara sumindo na escuridão fez o que devia: não pensou em nada.

Já não se sentia mais invejado. Ele olhava, Ele enxergava, mas ninguém olhava, ninguém enxergava. Só Ele. Mesmo assim todos estão sempre procurando.
Pensou nela novamente e disse: Estou bem na tua frente meu amor. Longe do alcance dos teus olhos. À frente demais pra você me enxergar.
Subiu as escadas (re)visitando os momentos que pisou e pensando no trabalho do dia seguinte. 


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Há! Saudade.



Tristeza e Saudade andam juntas? 
E Felicidade e Saudade andam juntas?

Não. A Saudade anda sozinha,
e por isso mesmo é saudade.



segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Aurora




  • Não tenho mais sangue correndo em minhas veias.
    Sinto a substância pastosa bege venenosa
    In nudando todos meus poros.
    Meu corpo agora é cor.
    Os orgãos falidos, inúteis se foram
    em silêncio, quietos conformados rejeitados.
    batidas secas lentas de seus passos abandonando.
    Meu corpo agora é som.
    Sou som e posso intuir sem pressentirressentir sempre.
    Não sou metade. Sou inteiro. Partícula gigantesca indivisível.
    O Amor pulveriza.
    Meu corpo agora é luz.