O Cursor
piscando na minha cara ordena que eu ordene as palavras, lhe dite as letras,
sentencie um mundo. Mas o que escrever quando tudo já foi escrito? E porque escrever o que ninguém quer ler?
Vazio. A
página antes vazia vai se enchendo de caracteres agrupados. O espaço em branco, antes em branco, começa a
se tingir de preto. Gotículas de tinta preta, caindo no jaleco branco. Estou sujando meu jaleco com estas ideias tão
negras. No fim, no final de tudo, a página permanece vazia. Nós permanecemos
vazios. Os parques sentem falta das crianças, que já não têm razão de estar. As
salas pelo ódio repudiam os alunos, elas se pudessem fugiriam apavoradas,
correndo pelos corredores hostis do manicômio juvenil. O que é tudo isso? Quem
se responsabiliza por esta bagunça?
Melancólica é
a voz da poesia esquecida. Um fantasma orgulhoso de um tempo em que viveu.
Inconveniente demais. É preciso se dar conta da morte, aceitar e lamentar o
fim. Mas acima de tudo, prantear o presente. Afinal nada mais triste do que ser
morto e continuar vivo. Adeus Humanidades.
Vamos ensinar
o passado, pois perdemos o presente. Vamos dizer como era, pois somos incapazes
de dizer como está e muito menos se algum dia será. Never ever! Eco. Apenas o eco
multiplicando-se nas paredes da minha cabeça.
Ser professor é
ser bom demais para qualquer outra profissão.
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