sexta-feira, 25 de novembro de 2011


Descrição da dor pela personagem Damien Campos criada por Damien Campos.



A dor me dilacera. De dentro para fora. Tanto, que posso até, ao me olhar no espelho, ver suas garras negras, saltando da pele e reluzindo com a luz. Como uma mãe sente e vê seu filho a chutar sua barriga, eu vejo o monstro horroroso, desenhando formas enquanto arranha as minhas carnes. Não o ouço, nem tão pouco sei por que está aqui, sei apenas que quer sair, de uma forma desesperada. E me odeia, com toda a força de seu ser, pois nasceu apenas para isso, odiar-me.
Dizem que Deus existe, pois bem, se existe, apenas ele vê a dor que encarcero. Em meus momentos íntimos ou nas situações sociais, a sinto, e Deus vê,  nas minhas orações, ou em minhas canções, Deus vê o monstro cruel aparecendo de mim. Deus vê, e não faz nada.
Se ele não existe, bem, então estou sozinho com minha dor, na completa solidão, sem contar com qualquer cumplicidade ou compaixão.

Se ele não existe, não sei também porque eu existo, ou porque a dor existe, ou porque você existe. Acostumei-me a pensar a causa de tudo como Deus. Boa ou má, tudo proviria dele e tudo teria um porquê.  Será que penso direito, com tamanha dor dentro de mim? Ou mesmo ela remoendo minhas entranhas, não interfere na faculdade intelectual.
Não sei, de fato, não sei. Só sei que sinto, meu saber é sentir, e sinto a dor, acabando comigo. E não posso gritar. Não há quem me socorra.
Antes mil vezes uma enfermidade física, plausível, com diagnóstico médico. Assim, ninguém me censuraria em gritar desmedidamente e furiosamente, pois qual coitado, todos veriam e entenderiam o mal de que padeço.
Mas não, por fora nenhum defeito. Deus me fez perfeito.
Portanto, silêncio, do monstro e de sua vítima.
Nem uma palavra. Vamos conviver belicamente, odiando-se mutuamente, mas sem nunca expressar palavra. Eu e a dor. Até a morte.

sábado, 29 de outubro de 2011

O Beija-Flor

Um Conto.





Por volta das 09:59 da manhã de um dia qualquer, estava eu sentado à mesa de um restaurante universitário de uma cidade qualquer, fazendo o desjejum antes de seguir para o trabalho. Enquanto beliscava o pão-francês (um tanto ressecado), e beijava o copo de pingado, percebi o vôo desnorteado de um pequeno pássaro que voava rente as grandes janelas.
Nas extensas mesas brancas tagarelavam estudantes de todos os cursos. Nem um deles se quer chamou minha atenção. Na minha mesa (talvez a mais vazia), somente eu e uma menina de óculos sentada de frente comigo e ligeiramente à minha direita. O silêncio era só meu.
— Tic.
Bateu o bico do beija-flor na janela. Percebi então o drama da pequena criatura. Que desesperadamente lograva a natureza pulsando lá fora.
— Tic.
A janela preferida de suas tentativas, estava a mais ou menos 10 metros de distancia de meu ponto de observação. Em seu desespero, não se impedia de tentar passar por outras janelas, ora mais próximas, ora mais distantes de mim.
Algumas vezes mesmo passou por sobre minha cabeça e foi para o meio do salão, a fim de refrescar as idéias e quem sabe, enxergar a saída. Como quando estamos muito perto de uma coisa e não vemos, mas se nos distanciarmos ampliando a visão poderemos enxergar.
Naquele céu de teto branco, não havia nuvens, ou astros brilhantes que pudessem inspirar o espírito. Só havia ele, uma mancha preta perseverante, lutando para voltar ao seu lugar. Ansiando pelo toque macio, o gosto e o cheiro suave das flores que iria beijar. Seu esforço era notável, para mim...
Naquele ambiente espaçoso e cheio de pessoas, eu era o único a fixar minha atenção no bichinho. Um ou outro olhar lhe era dado quando em suas indas e vindas passava sobre a cabeça de alguém.Talvez lhe olhassem com receio de que pudesse cair sobre seus copos ou sei lá o quê. Eu mesmo senti este medo, temendo que de tanta exaustão ele simplesmente se estatelasse sobre minha mesa, morto, sem forças, arfante, derrotado.
Isso não aconteceu. Tudo indicava que seu destino estava longe de chegar. Pensei por vezes: Não haveria modo de ajudá-lo?
Não.
Continuou se batendo, incessantemente, freneticamente. Insistiu em vão.
Refleti então sobre a condição dos homens. Quantas vezes nos batemos com a mesma janela fechada, quando logo ao lado existe uma janela escancarada com a saída para o azul do dia?
— Tic.
Em seguida, apareceu outro beija-flor, porém do lado de fora desta vez. Cada vez mais alienado do mundo, para mim, a situação tomava ares de romance.
Terminei um pão e levantei para pegar mais pingado.
Como sempre, atentei para a medida certa de leite e café, de acordo com a cor que deveria sempre ser o meio termo, porém com tendência mais ao café que para o leite. Passei pela fila do leite. Oh! Errei a medida. Voltei. Um rapaz me cedeu passagem. Corrigi. Logo vinha o açúcar, negligentemente, eu forrava o fundo do copo.
Quando de volta a minha bandeja, nada havia mudado, o beija-flor continuava lá, trançando no ar, as mesmas rotas. Ele olhava com ar de tristeza para a grande janela sem entender o porquê de não passar para o outro lado. Lá estavam os outros beija-flores, que voavam e podiam existir. Ele via. Outros pássaros também passavam, mostrando que aquele era definitivamente o lugar de onde havia vindo. Determinado, prosseguiu buscando sua liberdade.
O vidro polido era pra ele, tal como uma barreira divina, à quem alguns mortais se impõem. Sem enxergá-la, sabem de sua existência, mas não sabem como e porquê ela está ali.
— Tac!
Bateu o bico do beija-flor, com força na janela. Havia sinais de irritação. Apenas alguns centímetros mais abaixo, mais ao lado... ele teria conseguido. Teria superado o obstáculo sobrenatural, invisível, real. Meu tempo acabou. Era hora de começar meu dia de trabalho.
Fora do refeitório, no caminho, pensei se por algum momento o beija-flor, em todo o tempo que fracassou, sentiu medo, medo de morrer preso, num lugar estranho e hostil. Pensei também qual infortúnio, triste coincidência ou ironia do destino, teria levado aquela pequena criatura a tal situação.

Ainda hoje, desejo muito saber se ele conseguiu escapar, ou se está lá até agora.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Verde e Amarelo



Já não tenho mais brilho em meus olhos
Lágrimas demais, opacos a torná-los
e o verde agora é resignação!
— Se já era difícil enxergar...

Quisera eu que infinitivos bastassem
De belo e eterno somente os sonhos
Medonhos, meu poeta, são os dias reais!
— Se é tão difícil sonhar...

Pequenas coisas diriam os bons,
que a mim nunca foram.
Havemos de amarelar o presente
— O presente que se há de embrulhar...

Se todo o nada é infinito
o que dizer de tudo que é restrito
ao ato de viver e beijamar?
— De vida meu todo entregar...

Se a passagem se faz no passo
a passo curto como posso?
Um dia ainda seus lábios...
Amém. Amar é lar.
— Meu ar é você me amar.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Matrimônio Perfeito



Neste Palco estou
livre, a encarar o mundo
cortejado estou
tirado de lá por um desejo profundo


há um mágico altar
que me encanta e me fascina
não tanto quanto aquele olhar
realeza que nem se imagina


Esplendida Magnitude
meu amor por ti infinito
gostaria de deixar escrito
e te encantar com meu alaúde
vou de bom grado contigo


Tú és a Morte...
e sou teu noivo maldito

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Meus dias




mentes, pessoas,
chamas, quentes
pessoas mentem
mentes dormentes
sorrisos descrentes
sorrisos sem dentes

À mes amis


        
Eu costumava ter amigos
costumava me perder nas nossas conversas
e me atrasar para a vida

mas em nossas conversas
eu encontrava tudo
e não chegava em casa

da casa deles eu fazia a minha
e eu achava lá meu lar
e o tempo não era problema meu

o problema não era presente
mas a falta dele se faz hoje
eu me adiantei aos meus amigos

eu não costumava ter pressa
mas corri sem querer chegar
e me atrasei de novo

o circulo está intacto
as palavras se chamando
mas não vou responder

eu costumava não romper
e hoje me bastava a presença amiga

eu costumava ser tão imperfeito
como este poema
que eu dedico quando chegarem aqui

aos meus amigos amigos
que estão em cima da hora
Assino: Seu amigo atrasado,
           Pretérito

Eu costumava ter amigos
costumava me perder nas nossas conversas
e me atrasar para a vida

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Crítica: Abracadabra de Luis Päetow (Teatro)


"Escuridão, Luz, Aumentativos e Diminutivos, Deus, Lúcifer. As antagonias de Abracadabra"

É necessário deixar claro que esta não é uma crítica válida de um crítico profissional. Destino esta modesta análise aos que de alguma maneira se interessaram em ver ou discutir esta peça que por muitas maneiras proporciona espaço para discussões. Aproveito e deixo aqui um link de um outro texto crítico
Por tanto se você ainda não viu e pretende vivenciar este espetáculo, saiba que aqui neste texto você encontrará o “final” da peça. Após este aviso, livro-me de culpa.
Luis Päetow propõe nesta montagem algo que podemos considerar inovador, pois o monólogo que interpreta conta apenas com a iluminação proveniente de inúmeras lanternas, de variadas intensidades, distribuídas aos espectadores no momento da entrada. Com isto deduzimos que o público será responsável pela realização do espetáculo interferindo significativamente no andamento da peça.
A partir de agora deixarei algumas impressões recebidas na apresentação do dia 22 de agosto.
Logo de início, é possível perceber que não se trata de algo comum, em meio às cadeiras o ator jazia oculto, até que sua voz altiva e poderosa o revela. Em meio a escuridão, que por ele foi exigida, se dirige ao palco, onde desenvolve um fortíssimo texto com muito apelo poético e filosófico. Foi sem dúvida a ocasião em que vi o maior número de frases de impacto e trocadilhos bem-sacados disparados por minuto, a ponto de fazer “Anitellis e Pensadores da vida” morrer de inveja. Bem, cada um no seu quadrado.
A expressão corporal é bem trabalhada durante o monólogo, mais pelo fato da falta do que pelo excesso.  Cada um dos poucos movimentos que o ator faz na peça é feito com a meticulosidade de um computador, e é isto que temos a impressão de estarmos vendo durante boa parte da peça, melhor ainda, um robô.
Enquanto o texto extremamente complexo se desenvolve ora em velocidade lenta e pausada, ora em velocidade vertiginosa, as lanternas fazem bem seu papel, tentando focar e “descobrir” detalhes em outras áreas do teatro. Detalhes estes que não existiam.
Bem, na verdade, outros “detalhes” merecem espaço para comentários. A trilha sonora que poderia ser a harmoniosa e hipnótica queda de gotas d’água do encanamento do teatro foi infelizmente, substituída pela algazarra de grande parte do público, pois como se não bastassem os cochichos, risadas infundadas, e até mesmo celulares (!), as pessoas pareciam que estavam com formigas na bunda. Foi impressionante como o ranger de cadeiras e do assoalho acabou sendo um personagem indesejado nesta apresentação.
Quanto a performance do ator, foi o que poderíamos esperar de alguém que sabe exatamente o que fazer e onde quer chegar, e que surpreende a cada palavra desferida como um golpe direcionado exatamente às mentes daqueles que detêm a luz no espetáculo.
Ótimo, agora vamos entrar um pouco mais no universo do texto. Fica nítido no monólogo um alto teor crítico ao comportamento das pessoas no que tange política, religião, arte e cultura, além de propor uma reflexão, ou melhor um diálogo da arte com a vida. Em diversas vezes podemos ouvir palavras que não são bem digeridas pela sociedade, mas que como dito anteriormente, irrompem como golpes que se chocam com seu alvo. Esta foi a atmosfera por mim experimentada, o duelo do ator esteve presente até o fim da peça...
Ahhh, sim, para mim a peça teve fim. Há quem diga que a proposta da obra é suprimir o fim. Muitos expectadores se levantaram bem antes dos últimos deixarem a sala. Entretanto o conceito de fim é relativo. Vou destacar dois momentos que podem ser interpretados como indicativos do que poderíamos chamar de fim da peça. Em um momento logo após um grito temendo quebrar o silêncio presente na sala e, por conseguinte um grande susto assaltar a platéia, O ator inusitadamente corta um de seus pulsos ajoelhado enquanto menciona “Em um teatro a cortina vermelha encerra uma cena”, logo prossegue e diz A peça “Está começando agora.” Pra mim ficou claro que o texto da peça original se encerrava ali, contudo estava pra começar um outro tipo de peça dentro da peça, onde os protagonistas não se sabiam como tal. Aí estaria a magia proposta pelo nome da obra?
O desafio proposto pelo ator foi aceito por muitos. Qual é o limite da expressão de um artista?
Deixe-me explicar. Ao passo que o ator nitidamente improvisava palavras totalmente desconexas e sem sentido, muitas pessoas não conseguiam compreender onde aquilo ia parar. Perguntavam-se: Qual seria afinal o "fim" da peça?
Bem, pra mim a peça já havia acabado há um bom tempo. O que acontecia ali era puramente o experimentalismo, a vanguarda artística, o quebrar de regras e das tradições.
Tive um motivo muito forte pra permanecer ali, por muito tempo ainda. Queria ver como a platéia iria se comportar diante do novo.
E foi no mínimo peculiar pra não dizer outra palavra. Enquanto as lanternas afoitas tentavam descobrir em qual parte do palco estava o “botão de desligar”, Luis se transformou num boneco de cera inanimado, porém que encarava cada um de nós, com os olhos bem abertos e vibrantes, mas sem um som sequer.
O publico foi sendo vencido. Muitos foram embora e engoliram aquele inusitado fim. Outros resistiam, até que, a platéia tomou lugar do protagonista, e um grupo de pessoas, após terem apagado as lanternas começaram a bater palmas, sugerindo o fim do espetáculo. Eu ri, na verdade ri muito. Por sucessivas e insistentes vezes repetiram o feito, porém o ator não respondia de maneira alguma àquela manifestação. Até que, pasmem, começou-se uma discussão entre as pessoas, e uns começaram a provocar os outros, pediam para se retirar... O clímax veio quando um rapaz estava saindo e passando pelas fileiras empurrou um outro que estava sentado. O que estava sentado reagiu e levantou-se para ir de encontro ao seu provocador que saiu correndo. E assim, saíram um correndo atrás do outro, como duas crianças brincando de pega-pega...
Neste momento eu ri, eu ri muito.
Bom, por fim, o fim realmente veio. Enquanto no palco o ator representava bravamente seu papel, um dos organizadores nos convidou educadamente a se retirar, pois, o fim da peça, ou já tinha vindo, ou jamais viria, e que o homem empírico que estava no palco ainda precisava jantar. Entrou em cena então o bom senso, e as dez pessoas que ainda teimavam em esperar algo que não viria, levantaram-se e deixaram a sala de espetáculo.
Por fim deixo aqui minha opinião. Se a arte de vanguarda prega a quebra dos limites, se o desafio foi travado entre público e ator, neste caso o bom senso só atrapalhou. A verdadeira arte em suas máximas consequências NÃO admite bom senso.

Independentemente, Abracadabra se configura uma experiência única. Recomendadíssimo.

 Nota: Quando afirmo o fim da peça, não me refiro ao fim do espetáculo. Refiro-me talvez a um limite entre o texto escrito e ensaiado e o início de algo improvisado e totalmente espontâneo, óbvio que também podemos pensar que realmente a peça não possui um final, e que acaba quando cada um dos presentes deixa a sala, onde a duração da apresentação seria diferente para todos.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Tanto pt. 1



Tanto é tantra
Tanto é tema da minha vida
Tanto é santo, tanto é tudo
Tudo é tanto que nem tento
tanto explicar o quanto
tenho em meu coração
o som, o som
tanto, tanto, tanto

terça-feira, 28 de junho de 2011

Em Certo Querer



Eu estou farto da dúvida
agora quero incerteza
mesmo sendo com frieza
que me seja ela lúcida

tanto quanto fúlgida
e o caminho seja reto
e tanto quanto santo
que meu metro seja música

se estou farto da dúvida
sou mais que incerteza
Eu estou pronto pra dívida
e também para a tristeza

Sou Sol em minha viagem
e te levo na bagagem

quarta-feira, 15 de junho de 2011

In versus



Uma vez me deram um soneto
em um  lençol pintado de preto
por minha vez retribuo o feito

brandas palavras foram efeito
de belos sonhos em meu leito
houve porém um outro sujeito

Ímpio! destino as formas estreita
o doze do inverno ajeita
e o doce do amor enfeita
Valentina seria perfeita

Se houve alguma ilusão
o doze do inferno e sua mão
nos fizeram pelo bem ou não
escrever  nossa separação

Sórdidas Lembranças



Sórdidas lembranças
d'um romance ainda vivo
trazem-me a imagem
do fruto concebido


Sórdidas Lembranças
d'um romance ainda vivo
Hoje o retrato pálido
De mim por ti despido


Tú, fria sombra da sedução
Diz-me por obséquio
ainda bate teu coração?


Pois o pesar desta paixão,
Trágico e inusitado fim...
cerram-me preso à um caixão!

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Meio Meu




Um eu de mim que ir
o eu que tem anseio
que se sabe meio
um eu que tem querer

O outro tem medo
se parado perde
o fio, infante
permanece ledo

E o querer luta forte
Para romper sua pele
E buscar aquele seio
Mesmo ele sendo meio

E o quer ir causa morte
Pois o ficar o impede
De buscar aquele seio
Pelo acaso não ser meio

Melhor seria não ser eu duas metades
Quem dera eu fosse dois eus em igualdades

Buscar-te-ia um de mim comum menino
sem ser rasgado, sem afrontas ao divino

O outro ficaria seguro na fantasia
Menino real dum verso alexandrino

sábado, 7 de maio de 2011

Madre-Diosa


Luz que clareia meu caminho,
 Sorte minha ser teu menino!

Fonte inesgotável de amor
Tu és meu Sol, minha fonte de calor
Mulher de virtudes mil
raridade ambulante neste mundo vil

Sem medo entrego a ti meu destino
pois sorte minha ser teu menino

Vivo por ti, pois não há nada nesta vida
que me alegre ou alivie
 Somente a culpa e a lembrança dum'alma sofrida
 E se o fardo me exaspera
 lembro vossa figura comovida
 lembro suas lágrimas, e minha força se revela

Glória a ti, honrada seja vossa luta
que meus dentes mintam minh'alegria fajuta
 Vitória a ti, merecida com seu sacrifício
 e que o meu... concretize seu benefício...

---------------------------------------------------------------------

F E L I Z  D I A  D A S   M Ã E S!


terça-feira, 22 de março de 2011

Desisto!



Acho que desisto
da luta desmedida,
de tanta despedida

Juro por Cristo!
sem mais amanhã.
depois de hoje, desisto.

desisto do amor
destes de romance
que se adoece com ardor

desisto da musica
que sempre me traiu
ilusão de platéias mil

desisto da arte
arte artificial, artifício vulgar
que se encontra em toda parte

desisto da lua
prato de prata
escuro, frio, terra crua

desisto da beleza
rendo-me à tristeza
tão viva, minha natureza

desisto da tua
doce, pálida, frágil
feminina estatua nua

desisto de tudo
desisto do mundo
ao qual eu fico mudo

Juro que desisto
A partir de hoje
Vivo, não existo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Sob Pressão

Inaugurando as postagens de 2011, segue o poema Sob Pressão, escrito no segundo semestre de 2010, este poema será musicalizado e fará parte do meu novo projeto musical. Espero que gostem e fiquem a vontade para comentar:

Sob Pressão

Sob pressão!
Sob pressão!
a tela luminosa está mostrando isso

o peso do mundo está caindo,
caindo sobre minha alegria
esmagando-a

O modernismo me impele
me faz perceber, o quão erradas as coisas estão
o modernismo me repele
me impede crescer, esmaga meus sonhos
do céu até o chão

O modernismo me ensina
me faz enxergar que tudo está em seu lugar


Com depressão!
Com depressão!
O modernismo me repele