Já não é meu corpo que se move no escuro
é apenas um autômato, perseguindo
a abstração da idéia que procuro
Eu procuro? Cego, não vejo apenas, sinto
E me guio, tateando. Escuto e sigo.
o equilíbrio abalado dos pés incertos
a vontade de chegar, e saciar-me à vontade
e enfim saciar a vontade, semi-abertos
lábios que ofegam, engolindo o ar
o leve ar da escuridão, a inocente
acolhedora mãe do não-ciente
não preciso de luz pra trabalhar
Já não são meus estes dedos que martelam
os átomos da língua, alucinada mente
exigindo que a mensagem se apresente
estou a serviço... minha deusa me ordena,
do som de sua voz eu faço música
da palavra de sua boca; poesia amena
da forma, das curvas, da silhueta
eu desenho: rios, montanhas,
imprimo uma paisagem perfeita
me movimento na escuridão
me guio pelo som, amor cego
minha ama, me ama
minha musa... Me usa,
Me usa!
sou poeta, maldito, teu Poeta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário