quarta-feira, 15 de agosto de 2012


Já não é meu corpo que se move no escuro
é apenas um autômato, perseguindo
a abstração da idéia que procuro
Eu procuro? Cego, não vejo apenas, sinto

E me guio, tateando. Escuto e sigo.
o equilíbrio abalado dos pés incertos
a vontade de chegar, e saciar-me  à vontade
e enfim saciar a vontade, semi-abertos

lábios que ofegam, engolindo o ar
o leve ar da escuridão, a inocente
acolhedora mãe do não-ciente
não preciso de luz pra trabalhar

Já não são meus estes dedos que martelam
os átomos da língua, alucinada mente
exigindo que a mensagem se apresente

estou a serviço... minha deusa me ordena,
do som de sua voz eu faço música
da palavra de sua boca; poesia amena

da forma, das curvas, da silhueta
eu desenho: rios, montanhas,
imprimo uma paisagem perfeita

me movimento na escuridão
me guio pelo som, amor cego

minha ama, me ama
minha musa... Me usa,
Me usa!

sou poeta, maldito, teu Poeta!

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